*Por Juarez Morbini Lopes
A produção de alimentos no Brasil sofreu um
incremento significativo nestes últimos anos, fruto do trabalho incansável dos
Engenheiros Agrônomos, que juntamente com profissionais de outras áreas,
desenvolveram novas técnicas de cultivo, selecionaram e colocaram à disposição
dos agricultores cultivares e variedades de plantas adaptadas não só aos solos
de cada região, mas também ao clima de cada uma delas. Deve-se salientar o
papel dos pesquisadores das Universidades, da EMBRAPA e de outros Centros de
Pesquisa, que permitiram aos nossos produtores rurais várias opções tecnologias
e produtos, permitindo assim que obtenham maiores lucros nos seus
empreendimentos.
Dentre as novas tecnologias, desenvolvidas pelos
Engenheiros Agrônomos, destaca-se a do plantio direto, que preserva o solo
ao diminuir a erosão e aumenta a sua fertilidade, utiliza menos
combustível, pois não se faz aração e gradagem, diminuindo os custos de
produção e ainda reduzindo o impacto ambiental, através do menor uso de
defensivos agrícolas. Vinte anos atrás, usava-se 70 litros de diesel para
produzir 1 tonelada de soja, e atualmente com esta prática, para se produzir
este mesmo volume são necessários apenas 7 litros de combustível. O plantio
direto tem aumentado muito nestes últimos anos e estima-se estar entre 85 e 90%
da área plantada no Brasil, sendo o país que mais utiliza esta técnica
inovadora.
A produção brasileira de grãos que em 1998 era de
76 milhões de toneladas, em 2012 alcançou o valor de 165 milhões de toneladas,
ou seja, um aumento de 117%, sendo que a área cultivada passou de 35 milhões de
hectares para 51 milhões de hectares, que representa um incremento de apenas
46%. Isto mostra que produzimos muito mais em menor espaço de terra, resultado
da ação dos nossos agricultores, orientados pelos Engenheiros Agrônomos.
Outro dado importante é o que se refere às
importações e exportações brasileiras. De janeiro a julho, o Brasil importou
128 milhões de dólares, sendo apenas 9 milhões pelo agronegócio, no entanto, as
exportações atingiram 138 milhões de dólares, e o agronegócio foi responsável
por 54 milhões deste total. Isto representa dizer que, o agronegócio brasileiro
produz 39% das nossas exportações, o que lhe dá destaque importante na economia
brasileira.
Na área de produção animal, linhagens de maior
desempenho produtivo foram obtidas, aliadas às descobertas e inovações no campo
da alimentação e da nutrição. Nossa produção de carnes de aves, suínos e
bovinos sofreu incrementos significativos, hoje comparáveis aos países que
utilizam as mais modernas tecnologias.
Atualmente o Brasil é o primeiro produtor mundial
de café, suco de laranja e açúcar, segundo maior em soja e carne bovina, e
terceiro em produção de carne de frangos. Por outro lado, somos os maiores
exportadores mundiais destes seis produtos.
Nosso país é atualmente visto internacionalmente
como o maior potencial mundial de produção de alimentos, pois ainda temos uma
fronteira agrícola inexplorada de mais de 150 milhões de hectares.
Entretanto, não podemos nos ufanar de ser
exportadores de grãos, ou de outras matérias-primas. Temos de pensar em industrializar
nossos produtos e exportá-los com maior valor agregado, pois estamos deixando a
“parte do leão” para quem os importa e os industrializa, gerando mão de obra
local e ainda exportando os subprodutos gerados pela indústria. É o caso da
soja, em que os países importadores levam o nosso grão, extraem o óleo e depois
exportam (inclusive para o Brasil) o farelo para utilização na alimentação
animal ou em outros nichos de mercado, muitas vezes com valor superior ao do
próprio grão.
Mas este é um problema de política governamental
para o desenvolvimento do parque industrial do país. Nós Engenheiros Agrônomos
estamos fazendo a nossa parte, esperando que os políticos e o governo façam a
sua.
*Juarez Morbini Lopes é
Engenheiro Agrônomo; Coordenador Nacional das Câmaras de Agronomia do Sistema
CONFEA/CREA
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