Mensagem aberta a Roberto Carlos
Por Regis Tadeu em :Na
Mira do Regis – ter, 25 de fev de 2014
Oi, Roberto! Tudo bem? Espero que sim...
Você não me conhece e sequer ouviu qualquer menção a respeito
de meu nome, mas isto não importa. Quem lhe escreve aqui é um cara que sempre
admirou muito o seu trabalho até 1977, que foi o último ano em que você gravou
um disco inteiro decente. De lá para cá, seus álbuns decaíram de qualidade de
maneira assustadora. Em cada um deles, dá para pinçar uma ou duas faixas
razoáveis, dignas de seu passado musical. O resto é de uma pobreza
constrangedora. De uns anos para cá então, nem mesmo uma única canção boa dá
para salvar.
Escrevo isto para que você, caso um dia venha a ler este
texto, saiba que não faço parte do imenso séquito de “baba ovos” que você tem
ao seu redor e, pior, que fazem parte da mídia. De qualquer mídia. Não
compactuo com aqueles que se ajoelham perante sua figura vestida de azul e
engolem com prazer qualquer bobagem que você diga e cante. Muito menos com
aqueles covardes que não criticam suas atitudes mesquinhas e equivocadas. E
pode apostar: você dá muita mancada por aí. E não escrevo isto tentando fazer
piada com a sua perna perdida, um problema que você tem todo o direito de se
recusar a falar, mas que não pode fingir que ninguém sabe disto. É que
realmente você erra, como todos nós. E muito.
Não vou entrar no mérito da atitude horrorosa que você teve
ao processar um de seus maiores fãs, o talentoso Paulo Cesar de Araújo, que
escreveu uma ótima biografia a seu respeito, Roberto Carlos em Detalhes. Também
não vou comentar a sua posição a favor da censura generalizada de biografias.
Estas duas atitudes foram apenas algumas que mancharam a sua história como
artista e como pessoa para sempre. O assunto agora é... “Friboi”.
Não se preocupe. Não sou vegetariano e muito menos estes
‘vegans’ chatos pra cacete que andam por aí patrulhando o prazer gastronômico
dos outros, tipo o Morrissey. Pelo contrário, sou um carnívoro devotado, que
come carne todo dia. Não concordo com a maneira com a qual os animais são
mortos, mas isto é papo para um outro texto neste blog. O que quero abordar
aqui é o modo como você, de um jeito muito, mas muito falso, resolveu tentar enganar
o seu público dizendo que deixou de ser vegetariano, uma opção que você carrega
há mais de 40 anos.
Não baseio esta minha opinião em qualquer fonte próxima a
você, fique tranquilo. Sei disto apenas reparando na cara de nojo que você fez
na propaganda que fez para a marca. Vamos relembrar?
Sim, é isto mesmo. Não adiantou colocar o seu sorriso
branquíssimo em um rosto cada vez mais plastificado. Você não conseguiu enganar
ninguém.
O que mais me espanta nesta história são os motivos que
levaram você a fazer isto. O primeiro – e único - que me vem à cabeça é
“grana”. Porra, Roberto!!! Desde quando você precisa de dinheiro? Se você pegar
todo o babilônico cachê que recebeu e doá-lo para alguma instituição de
caridade, posso até dar uma relevada na imensa decepção que tive - e tenho -
com a sua atitude. Caso contrário, vou continuar muito puto da vida...
E sabe por quê? Porque não posso ter respeito por alguém que
vende suas convicções. Não posso olhar com admiração para um cara que, por
conta de uma bolada de dinheiro espetacular, tenha varrido para debaixo de um
tapete imundo e mofado todo um modo de vida que o manteve saudável até os dias
de hoje.
Sim, eu sei que você não deixou de ser vegetariano. Deu para
sacar pelo sorriso falso e pelo nojo em seus olhos que aquele bife no prato era
um troço de embrulhar o estômago para um cara como você, mas... Porra, Roberto,
se ligue!!! Tenho certeza que alguém do staff da empresa e da agência de
publicidade que fez a propaganda até tentou convencê-lo a dar uma ‘garfada’ no
bife, né? E, obviamente, você recusou com veemência, certo? Então...
Não vou pedir desculpas por minha sinceridade. Se um dia
você ler isto, entenda como um esporro de um amigo. Leia como se você tivesse
reatado sua amizade com o Erasmo Carlos e ele, em uma bela tarde de sol,
sentado com você ao lado da piscina, lhe dissesse a mesma coisa, sem o espírito
bajulador de seus “baba ovos”. Não escrevo isto tentando me comparara ao Erasmo
– pelo amor de Nossa Senhora, longe disto!-, mas sei que o “Tremendão” pensa o
mesmo que eu.
Despeço-me aqui com um abraço caloroso no homem Roberto
Carlos, não no artista Roberto Carlos, esperando que você compreenda que, no
seu caso em particular, um tem que ser igual ao outro.
Com afeto...
REGIS TADEU