Um projeto de lei que será votado nesta quarta-feira (4) na Câmara dos Deputados pretende anistiar proprietários rurais que desmataram seus terrenos ilegalmente até 31 de julho de 2006. Pela proposta – batizada pelos ambientalistas de “Floresta zero” – eles não receberiam multas e também não seriam obrigados a reflorestar o trecho que foi desmatado.
O deputado Marcos Montes (DEM-MG), autor do projeto, não aceita que a ideia seja chamada de anistia. “Eu prefiro usar [a palavra] ‘reorganizar’ [para] essas áreas que estão há algum tempo dentro de uma insegurança grande”, disse o parlamentar. “Fizeram isso [o desmatamento] incentivados no passado pelo próprio governo, com programas especiais, com incentivos financeiros.”
Segundo Montes, o dia 31 de julho de 2006 foi escolhido porque antes dessa data não é possível determinar quando as áreas foram desmatadas. “Não temos uma foto clara disso, do que realmente aconteceu nesse período [antes de 2006].”

O projeto de lei que anistia desmatadores teve origem no Senado, e originalmente previa apenas que áreas desmatadas pudessem ser reflorestadas com palmeiras comerciais, como o açaí, dendê ou babaçu. Ao passar pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara, contudo, a proposta recebeu um projeto substitutivo de Marcos Montes. Além da anistia, as novas regras definidas pelo parlamentar mineiro preveem que os estados é que devem definir os percentuais de reserva legal (a parte que deve ser conservada com mata nativa em uma propriedade) e as áreas de preservação permanente (áreas que nunca podem ser desmatadas, como topos de morro e margens de rios). Hoje, essa regra – que na maior parte da Amazônia obriga os fazendeiros a conservarem 80% de suas áreas – é definida por lei federal. A proposta seria votada na Comissão de Meio Ambiente na última quarta-feira (28), mas não conseguiu seguir em frente por causa da pressão de parlamentares ambientalistas. Três representantes do Greenpeace também estiveram na reunião e protestaram contra o projeto. Eles se acorrentaram entre si, ligaram uma sirene e foram retirados pela polícia legislativa.
Fonte: Globo Amazônia
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