Edição do dia 03/09/2013
GLOBO .COM - BOM DIA BRASIL
03/09/2013
Um avião que enxerga tudo
vai ajudar no combate aos crimes ambientais. Essa tecnologia capaz de
rastrear áreas devastadas no meio da floresta já foi testada.
Cristina Serra e o repórter
cinematográfico Lúcio Alves foram ao Sul do Pará acompanhar como funciona a
tecnologia do sensor termal. Essa tecnologia já existe para fins militares
e foi adaptada para combater crimes ambientais. O sensor capta, lá de cima,
a presença de tudo o que emite calor no solo. Desde o motor de um
equipamento até mesmo pessoas.
Na imensidão da Floresta
Amazônica, uma arma passa a ser usada no combate aoDesmatamento. São
imagens que mais parecem uma radiografia. Retratos em preto e branco de
crimes ambientais. As imagens são feitas por um equipamento especial: o
sensor termal.
Ele é instalado no nariz de
um avião, a serviço do IBAMA. O sensor detecta tudo que emite calor.
Veja no destaque: um pequeno ponto brilhante que se desloca lentamente é um
trator, usado para arrastar toras de madeira. Essa tecnologia já é usada
para o controle de fronteiras e para investigação de narcotráfico. Para
o IBAMA, a importância é combater crimes contra a floresta.
No Sudoeste do Pará, área do
município de Novo Progresso, perto da BR-163, a Cuiabá-Santarém, uma
das regiões de maior pressão de Desmatamento no país.
O sensor termal do avião
consegue detectar áreas muito pequenas de Desmatamento que o
satélite não consegue perceber. Com essa localização mais precisa dos
alvos, os fiscais conseguem fazer operações mais eficazes em terra.
Helicópteros, barreiras na
estrada. O objetivo é chegar à área onde o trator foi localizado.
Na clareira, os fiscais
encontram os troncos já cortados de madeiras nobres extraídas ilegalmente
de um parque protegido por lei federal.
"Nós identificamos
cerca de 400 metros cúbicos de madeira, ipê. Vale em torno de R$ 3 mil o
metro cúbico”, declara Volney Zanardi Júnior, presidente do IBAMA.
O sensor termal é uma
novidade bem-vinda em uma estrutura considerada
pelosAmbientalistas insuficiente para proteger a floresta.
O IBAMA tem hoje 1.100 fiscais para cobrir todo o Brasil. A
maioria dedicada aos mais de cinco milhões de quilômetros quadrados
da Amazônia Legal. Mais da metade do território brasileiro.
Em 2012, foram desmatados
4.571 quilômetros quadrados. A FAB tem condições de usar simultaneamente em
operações de fiscalização na Amazônia quatro aviões com o sensor
termal, mas ainda não foi criado um padrão de como eles serão utilizados.
Durante a operação do último
fim de semana, o sensor detectou um garimpo. As imagens mostram o
acampamento. O garimpo abre uma ferida na mata.
A floresta nacional do
Jamanxim é uma região de terra pública, uma unidade de conservação onde não
é permitida qualquer atividade de exploração mineral. Foi justamente isso
que os fiscais encontraram: um garimpo ilegal, que deixou um cenário de
devastação.
É um garimpo de ouro. A água
colorida de vermelho denuncia o uso de mercúrio. “É péssimo para
o Meio Ambiente, extremamente poluente, até para a saúde dos
garimpeiros que estão aqui executando esse trabalho”, diz Maria Luiza
Gonçalves de Souza, coordenadora de operações de fiscalização
do IBAMA.
Oito garimpeiros foram
presos em flagrante. Os agentes apreenderam espingardas, munição,
equipamentos de rádio e até rojões, usados para avisar a chegada da
polícia. Por isso, muitos garimpeiros e os operadores de
motosserra conseguiram fugir.
Para acompanhar a operação,
a equipe da TV Globo viajou em avião da Força Aérea Brasileira. O valor
correspondente ao percurso será doado ao programa Fome Zero.
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