Área prioritária do projeto de
Aviões não tripulados é o eixo da BR-163
Projeto Ecodrones
Aviões não tripulados já ajudam
na preservação em outros países. Vigilância pelo ar vai facilitar a mobilização
de fiscais e bombeiros.
O Brasil passará a adotar drones
para monitorar atividades ilegais nas matas da Amazônia e do Cerrado, como o
desmatamento e queimadas. A ideia é do projeto Ecodrones, que será lançado
nesta sexta-feira (17) e é uma iniciativa do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, ligado ao Ministério do Meio Ambiente,
e da organização WWF-Brasil.
Por transmitirem imagens em tempo
real, os veículos aéreos não-tripulados (Vant) vão observar áreas que sofrem
constantes ataques de madeireiros ou são consumidas por incêndios. Desta forma,
a vigilância pelo ar vai facilitar a mobilização de fiscais e equipes de
bombeiros.
O Ecodrones já conta com três
equipamentos, mas apenas um tem permissão de voar. O modelo Nauru 500, com
autonomia de 4 horas de voo e alcance de 80 km, é utilizado pelo ICMBio no
monitoramento completo do Parque Nacional Pau Brasil, resquício de Mata
Atlântica na Bahia.
Outros dois Vants aguardam pela
regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Por enquanto, só
podem voar para testes em uma área delimitada do interior de Goiás.
Segundo Leonardo Mohr,
coordenador geral de proteção do Instituto Chico Mendes, os drones são
ferramentas importantes para a conservação por terem capacidade de alcançar
locais de acesso impossível.
“Tem algumas áreas de combate ao
desmatamento em que os madeireiros ilegais dificultam o nosso acesso, colocando
toras pela estrada. A gente só consegue ficar sabendo disso quando chega ao
local. Nessas situações o equipamento será utilizado e repassará informações
remotas”, explica Mohr.
Da guerra para a proteção
ambiental
A tecnologia, considerada
polêmica já que ainda há debate em torno de sua regulamentação no país, é
conhecida por ser empregada principalmente por forças armadas em combates pelo
planeta. Os Estados Unidos, por exemplo, são um dos países que usam modelos
armados para destruir alvos no Oriente Médio.
Em alguns lugares, os veículos
não-tripulados são usados para inspeção de linhas de transmissão, de rodovias
ou grandes obras.
Mas os “aviões-robô” também ajudam
a “fazer o bem”. Exemplares de diversos tamanhos auxiliam o governo da África
do Sul, onde a caça predatória diminui a cada ano a população de rinocerontes e
elefantes, e provoca mortes de guarda-parques que tentam coibir a prática
criminosa.
Marcelo Oliveira, especialista do
WWF-Brasil, explica que no Brasil já foram feitos experimentos com drones em
estudos com a população do boto-cor-de-rosa e antas, ambos feitos na Amazônia.
Ele comenta ainda que em locais
onde os aviões-robôs foram usados para conservação de animais ameaçados, houve
queda de mortes de exemplares e de assassinatos de funcionários de reservas
ambientais. As imagens transmitidas pelos drones conseguiam detectar melhor
onde estavam os caçadores.
O projeto tem a colaboração de
técnicos da Universidade Federal de Goiás e da ONG internacional Conservation
Drones, que confecciona equipamentos especialmente para atividades de
preservação ambiental. Um dos veículos aéreos não-tripulados que serão usados
no Brasil foi projetado pela organização.
Arco do desmatamento terá
prioridade
Sobre o projeto no Brasil,
Oliveira explica que foram feitos workshops com funcionários do governo para
fomentar a ideia da preservação remota. Ele complementa dizendo que a Amazônia
e o Cerrado serão priorizados nesse primeiro momento devido à facilidade de
operacionalização.
Leonardo, do ICMBio, afirma que
as quase 300 Unidades de Conservação do país poderão ser beneficiadas pelo uso
da tecnologia, principalmente as que sofrem maior pressão humana, pelo desmate,
urbanização, caça ou queimadas.
Uma das regiões consideradas
prioritárias pelo projeto é o eixo da BR-163, que liga Cuiabá, em Mato Grosso,
a Santarém, no Pará. A área fica localizada no coração do chamado “Arco do desmatamento”,
faixa territorial que vai de Rondônia, passando por Mato Grosso, até o Pará.
Por: Eduardo Carvalho
Fonte: G1
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