domingo, 6 de março de 2016

Lula e o chamado ao confronto - cortina de fumaça

Lula e o chamado ao confronto
 
O discurso de ódio que divide o país sempre foi uma tônica de Lula, mas desde o início do ano passado adotou um tom belicista.

As chicanas da alma mais honesta do país não adiantaram, e na manhã de sexta-feira o ex-presidente Lula acabou forçado a prestar depoimento à Polícia Federal. O mandado de condução coercitiva contra Lula foi o mais relevante entre os 44 expedidos pela Aletheia, a 24.ª fase da Operação Lava Jato. Ainda que o ex-presidente não tenha sido preso, apenas conduzido para prestar esclarecimentos, a reação da cúpula do Partido dos Trabalhadores e de parte da sua militância passou dos limites, merecendo repúdio e atenção da sociedade.

A conta do PT no Twitter, por exemplo, lançou a hashtag #LulaPresoPolítico – uma falsidade dupla, não apenas porque Lula não foi preso, mas porque a própria expressão “preso político” deixa implícita a noção de que o país vive um estado de exceção, em que as liberdades democráticas não vigoram. O próprio partido se encarregou de dissipar a dúvida sobre o que realmente pensa ao divulgar nota, assinada pelo presidente da legenda, Rui Falcão, segundo a qual “a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa um ataque à democracia e à Constituição” e “a nação está sendo sangrada pela construção de um regime de exceção e arbítrio”. O vice-líder do partido na Câmara, Wadih Damous, chegou ao ponto de dizer que “isso não foi condução coercitiva, foi um sequestro perpetrado pela Polícia Federal a mando do juiz da Lava Jato” – declaração cuja irresponsabilidade é ainda maior por vir de um ex-presidente da seccional fluminense da OAB.


Mas antes se tratasse apenas de palavras. Parte da militância partidária e entidades-satélites do petismo foram às ruas, protagonizando cenas de confronto com cidadãos contrários ao PT e a Lula. Equipes de filmagem também foram hostilizadas em São Paulo. Não foi exatamente uma surpresa: o discurso de ódio que divide o país, especialmente entre pobres e ricos, sempre foi uma tônica de Lula e das lideranças petistas, mas desde o início do ano passado essa retórica adotou um tom belicista, com a menção de Lula ao “exército de Stédile” e o presidente da CUT falando em “armas na mão” em evento com a participação da presidente Dilma Rousseff. Na manhã de sexta-feira, Falcão afirmou, na nota, que “os petistas estão chamados a defender, ao lado de nossos aliados, nas ruas e nas instituições, as regras constitucionais e a inocência do ex-presidente Lula”. O mesmo tuíte que chamou Lula de preso político afirmava que “não podemos deixar barato. Precisamos todos reagir. Agora!” Parlamentares petistas ouvidos pelo jornal O Globo em Brasília foram ainda mais explícitos: “Se querem transformar o Brasil na Venezuela, vão conseguir. Se preparem”, afirmou um deles. “Estamos com ódio, uma indignação muito grande, faca nos dentes, sangue nos olhos. Não temos mais nada a perder, agora mexeram com o Lula”, disse outro.

Incitar o confronto desta forma é apenas agravar a polarização que as lideranças petistas alimentaram nos últimos anos, é arrastar para a violência político-partidária um país que já sofre com uma grave crise econômica, com inflação e desemprego, consequências das escolhas erradas do governo petista na condução da economia. É preciso parar para pensar: se uma condução coercitiva já é suficiente para provocar tal reação, o que não aconteceria em caso de prisão, ainda que embasada em sólidas evidências? A vigilância da sociedade é fundamental para evitar um esgarçamento ainda maior do tecido social e novas agressões às instituições democráticas.

Gazeta do Povo

Texto publicado na edição impressa de 05 de março de 2016

http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/lula-e-o-chamado-ao-confronto-3moh70w9ot5g909rubp2hxqtx 


www.brasil247


'SE HOUVER GOLPE, FECHAREMOS AS ESTRADAS'


http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/219879/St%C3%A9dile-'se-houver-golpe-fecharemos-as-estradas'.htm


O líder do Movimento Sem-Terra, João Pedro Stédile avisa: se houver tentativa de golpe contra a democracia brasileira, o MST fechará todas as estradas do País; "O MST vai se somar à luta da classe trabalhadora", diz ele; Stédile lembra ainda que o movimento que ele lidera tem acampamentos em mais de 2 mil municípios, por onde passam todas as principais estradas do Brasil; 

Cortina de fumaça



A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná responsável pelas investigações da Operação Lava Jato emitiu nota na noite deste sábado (5) reafirmando a necessidade da condução para depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nota diz que “instalou-se uma falsa controvérsia sobre a natureza e circunstâncias da condução coercitiva” de Lula, e que a discussão é apenas “cortina de fumaça sobre os fatos investigados”.

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