sexta-feira, 30 de setembro de 2011

DE VILÃO A PARADIGMA

O município de Paragominas tem área de 1,93 milhão de hectares e sua criação data dos anos 60, quando da construção da rodovia Belém -Brasília, que atraiu para a região colonos do Centro-Oeste, dedicados à exploração extrativista. Em 1990, tornou-se o principal pólo produtor de madeira do País, com 400 serrarias em funcionamento, muitas delas clandestinas. A cidade vivia imersa na fumaça negra emitida por centenas de carvoarias que queimavam as sobras de extração madeireira. Devido aos constantes conflitos por terra, passou a ser conhecida por "Paragobalas".
Figurou em segundo lugar na lista dos municípios que mais derrubavam floresta no País, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, em fevereiro de 2008. Essa inclusão, custou-lhe uma série de constrangimentos, como restrição ao crédito, embargo da produção de soja, fechamento de madeireiras pela Operação Arco de Fogo, perda de 1600 postos de trabalho da noite para o dia e imagem de vilã da Amazônia. Porém, a lista também representou um momento de ruptura com velhas práticas extrativistas.
Após articular um pacto com 50 entidades locais em março de 2008, a administração municipal lançou o Programa Município Verde, e dois anos depois, Paragominas já estava fora da lista suja. Foi o primeiro município a realizar tal façanha, ao reduzir o desmatamento para menos de 40 km2 por ano, como exige o MMA, e cadastrar 93% de suas propriedades, com possibilidade de chegar a 100% em dezembro.
Por tais atitudes, Paragobalas passou a ser conhecida por cognomes mais atraentes, como "Paragobela" ou "Parisgominas". Sua experiência inspirou o governo do eestado a lançar, em março, o Programa Minicípios Verdes, que visa a frear o desmatamento e estimular atividades econômicas sustentáveis em 143 municípios paraenses, dos quais 94 já aderiram à iniciativa.
A participação no Programa Município Verde é considerada indispensável para am obtenção do LAR - Licencimento Ambiental Rural, etapa posterior ao CAR - Cadastro Ambiental Rural.

Fonte: Revista DBO, nº 371, Setembro de 2011, págs.144 e 146.

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