Criativo, o brasileiro reinventou o panetone. E pode acabar em pizza, que no Brasil ganhou versões inimagináveis para a rainha Margherita di Savoia. Uma delas, a pizza com sorvete, faria o gastrônomo Alexandre Dumas levar as mãos aos céus e se antecipar ao conterrâneo De Gaulle: “Le Brésil n’est pas um pays sérieux!”.A origem do panetone tem várias versões, como é próprio da fantasia italiana, sempre associadas ao amor e à luxúria. Segundo os amantes de Shakespeare, tudo começou no século 15, quando um jovem milanês chamado Toni, da família Atellini, se apaixonou perdidamente pela filha do padeiro, que não tinha no sobrenome Capuleto nem Montecchio e não aprovava de jeito nenhum o namoro. Para impressionar o padeiro, o “ragazzo” disfarçou-se de ajudante de padeiro para se infiltrar no forno do adversário. Passadas algumas semanada lidando com farinha e fermento, Toni tomou gosto pela profissão. Tanto que inventou um maravilhoso pão naturalmente fermentado e com frutas, de extrema delicadeza e de sabor especial. Assim inspirado, criou ainda uma forma totalmente diferente, com a superfície moldada no formato da cúpula da igreja que via da janela. Os italianos mais piedosos acreditam que foi milagre de Santo Ambrosio, o padeiro estava falido e precisava de uma ajuda de Roma. Guiado então pela mão do padroeiro de Milão, Toni presenteou o futuro sogro com o pão, e fez-se a graça: o sucesso do pão foi estrondoso e a nova iguaria passou a ser conhecida como o pão da padaria do Toni, depois pão do Toni e com o tempo, simplesmente, panetone. Desse dia em diante os milaneses faziam fila na padaria, a família ficou rica e o novo casal teve muitos panetoninhos. O primeiro dos rechonchudos, em agradecimento, ganhou o nome Ambrosio.
A segunda versão é uma versão da primeira. Provavelmente criada por um padeiro concorrente de nome Ughetto, uma espécie de Salieri das farinhas que também resolveu se empregar em uma padaria para poder ficar pertinho da sua amada Adalgisa, filha do dono. Ali ele teria inventado o panetone, entre 1300 e 1400. Feliz com a novidade (que como vimos já não tinha mais nenhuma novidade), o pai que era uma fera permitiu que Ughetto se casasse com Adalgisa. Entre as duas versões, muito se dizia em Milão que Adalgisa era bem mais gostosa. Enquanto a senhora Attelini vinha com sua receita básica, que inclui apenas passas e frutas secas no recheio, Adalgisa vinha molhada com puro azeite de oliva da Toscana. E com trufas, ainda por cima.
Outra versão do panetone tem origem na luxúria: teria sido inventado pelo mestre-cuca Gian Galeazzo Visconti, primeiro duque de Milão, que preparou a iguaria para uma festa de sete dias e sete noites em 1395. Muitos críticos de cinema garantem que o Visconti padeiro era da mesma estirpe nobre do diretor de cinema Luchino Visconti, tendo como provas o filme “Il Gattopardo”. Depois do grande baile no castelo do Príncipe de Salina, fica claro que Alain Delon foi saborear o panetone da Claudia Cardinale no escurinho do castelo. O bonitão Fabrizio de Salinas (Burt Lancaster), não escondia de ninguém que era chegado num panetone. E Luchino Visconti, para não fugir à tradição do mestre-cuca Gian Galeazzo Visconti, morria por um panetone.
A penúltima versão do panetone é o pandoro. Capuleto nem Montecchio era da mais nobre tradição confeiteira, mas o pandoro nasceu em Verona e tem esse nome devido a uma história para fazer “i bambini” dormir: quem o comesse iria ao paraíso com os anjos da guarda. Mais macio do que o panetone, o pandoro não tem uva-passa ou frutas cristalizadas dentro e se come com açúcar de confeiteiro na superfície.
A última versão do panetone tem origem em Brasília: é o pandarruda. A receita é “cosa nostra”, com os ingredientes de sempre, crescido com o fermento dos corruptos e recheado com dinheiro vivo.
Dante Mendonça (11/12/2009) O Estado do Paraná.
A segunda versão é uma versão da primeira. Provavelmente criada por um padeiro concorrente de nome Ughetto, uma espécie de Salieri das farinhas que também resolveu se empregar em uma padaria para poder ficar pertinho da sua amada Adalgisa, filha do dono. Ali ele teria inventado o panetone, entre 1300 e 1400. Feliz com a novidade (que como vimos já não tinha mais nenhuma novidade), o pai que era uma fera permitiu que Ughetto se casasse com Adalgisa. Entre as duas versões, muito se dizia em Milão que Adalgisa era bem mais gostosa. Enquanto a senhora Attelini vinha com sua receita básica, que inclui apenas passas e frutas secas no recheio, Adalgisa vinha molhada com puro azeite de oliva da Toscana. E com trufas, ainda por cima.
Outra versão do panetone tem origem na luxúria: teria sido inventado pelo mestre-cuca Gian Galeazzo Visconti, primeiro duque de Milão, que preparou a iguaria para uma festa de sete dias e sete noites em 1395. Muitos críticos de cinema garantem que o Visconti padeiro era da mesma estirpe nobre do diretor de cinema Luchino Visconti, tendo como provas o filme “Il Gattopardo”. Depois do grande baile no castelo do Príncipe de Salina, fica claro que Alain Delon foi saborear o panetone da Claudia Cardinale no escurinho do castelo. O bonitão Fabrizio de Salinas (Burt Lancaster), não escondia de ninguém que era chegado num panetone. E Luchino Visconti, para não fugir à tradição do mestre-cuca Gian Galeazzo Visconti, morria por um panetone.
A penúltima versão do panetone é o pandoro. Capuleto nem Montecchio era da mais nobre tradição confeiteira, mas o pandoro nasceu em Verona e tem esse nome devido a uma história para fazer “i bambini” dormir: quem o comesse iria ao paraíso com os anjos da guarda. Mais macio do que o panetone, o pandoro não tem uva-passa ou frutas cristalizadas dentro e se come com açúcar de confeiteiro na superfície.
A última versão do panetone tem origem em Brasília: é o pandarruda. A receita é “cosa nostra”, com os ingredientes de sempre, crescido com o fermento dos corruptos e recheado com dinheiro vivo.
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