Novo Progresso: área ilegal é de 20 mil campos de futebol
Cinco dos seis homens presos pela Polícia Federal no final
do mês passado, suspeitos de participarem de uma quadrilha que praticava crimes
ambientais em Novo Progresso, no oeste paraense, ainda continuam encarcerados
na sede da PF, em Belém.
Quadrilha presa pela PF negociava terras em áreas públicas
como a Floresta Nacional de Jamanxim: seis ainda estão foragidos (Foto:
Divulgação)
O advogado Leonardo Minotto Luize, que estava em uma cela do
Corpo de Bombeiros, foi o único solto, por determinação do juiz federal Rafael
Leite Paulo. Segundo a PF, os acusados invadiam terras públicas, que depois
eram griladas e vendidas com documentos falsos para empresários do sul e do
sudeste do país.
A quebra do sigilo bancário dos envolvidos revelou que
terras eram negociadas a R$ 10 milhões. Os danos causados ao meio ambiente da
região foram calculados em R$ 503 milhões. Uma área superior ao tamanho de 20
mil campos de futebol, um ao lado do outro, foi completamente desmatada pela
quadrilha em áreas públicas, como a Floresta Nacional do Jamanxim.
Foram expedidos mais de 40 mandados judiciais. Entre os
presos estão empresários e advogados. Eles serão indiciados pelos crimes de
invasão de terras públicas, furto, sonegação fiscal, falsificação de
documentos, entre outros. Se condenados, as penas podem ultrapassar 50 anos de
reclusão. Os responsáveis pela investigação – além do Ministério Público
Federal (MPF) e Ibama, Polícia Federal e Receita Federal – avisam que outras
quadrilhas que atuam com desmatamento e grilagem devem ser investigadas e
presas, principalmente no Pará, onde ainda se concentra grande parte do
desmatamento ilegal.
Em pareceres enviados à Justiça Federal de Itaituba, onde
corre o processo da operação Castanheira, o MPF opinou pela manutenção de oito
pessoas presas. Outros seis integrantes da quadrilha que atuava na BR-163
(Santarém-Cuiabá ) estão foragidos e devem ser incluídos na Difusão Vermelha da
Interpol, uma lista de procurados que é difundida para todas as polícias do
mundo. Trinta e três investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, também
tiveram decretado o sequestro de bens com indícios de origem ilícita. A Polícia
Federal foi autorizada ainda a fazer busca e apreensão de documentos, dinheiro,
equipamentos, materiais e outros bens em poder de 18 investigados.
A decisão judicial que autorizou a apreensão foi assinada
pelo juiz federal Rafael Leite Paulo no dia 22 de agosto, mas, segundo a
assessoria da Justiça Federal, só foi divulgada no dia da operação para não
atrapalhar as diligências policiais. A operação, que teve a participação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e do Ministério Público Federal, foi uma das maiores já realizadas nas
últimas décadas, na região de Novo Progresso.
O esquema ilegal, que envolve os crimes de formação de
quadrilha formação de quadrilha ou bando, desmatamento em unidade de conservação,
degradação de floresta em terras de domínio público sem autorização do órgão
competente e furto de madeira, funcionava a partir do município de Novo
Progresso. A investigação, segundo o inquérito aberto pela PF, começou a partir
de repetidas autuações feitas pelo Ibama.
Além de determinar as prisões, o sequestro de bens e a busca
e apreensão de documentos e materiais, o juiz determinou várias outras medidas,
entre elas a de que os cartórios de registro de imóveis de Itaituba, Novo
Progresso, Arapongas (PR), Alto Araguaia (MT), Nova Monte Verde (MT), São José
do Rio Preto (SP), Borba (PR) e Juara (MT) expeçam certidões sobre a existência
de bens imóveis em nome dos demandados ou de cônjuge.
Ele também ordenou à Secretaria de Estado do Meio Ambiente
(Sema) e à Adepará que suspendam os Cadastros Ambientais Rurais (CARs)
provisórios ou definitivos em nome dos investigados, bem como de quaisquer
autorizações ou licenças relacionadas, e a suspensão de emissão de Guias de
Trânsito Animal (GTAs), inclusive aquelas que já foram expedidas.
Para o procurador da República, Daniel Azeredo, a
sofisticação da quadrilha a torna a maior dos últimos anos especializada em
desmatamento da Amazônia.
O diretor do setor de Proteção Ambiental do Ibama,
Luciano de Meneses Evaristo, dimensionou a ação: “Foi o grupo que mais desmatou
a Amazônia em todos os tempos”.
(Diário do Pará)
Olá ótima matéria
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