Dois empresários participavam de esquema que desmatava e
vendia terras da União.
Renan Vallim, em Tribuna do Norte.
Dois empresários Arapongas
no Paraná estão envolvidos em uma
investigação da Polícia Federal (PF) que desarticulou uma quadrilha
especializada em tomar posse de terras da União e vendê-las, processo conhecido
como grilagem. O grupo é apontado pela PF como os maiores desmatadores da
Floresta Amazônica, sendo responsável por um dano ambiental de R$ 500 milhões.
Um deles foi preso e outro está foragido. A ação da PF foi denominada ‘Operação
Castanheira’. Investigações apontaram que a quadrilha agia invadindo terras
públicas e realizava desmatamentos e queimadas para formação de pastos.
Posteriormente, a área degradada era loteada e revendida a produtores e
agropecuaristas do Sul e Sudeste. O processo corre em segredo de justiça na
Vara Federal de Itaituba, no Pará. Por isso, os nomes dos envolvidos e o número
de prisões, a maioria no Pará, não foram revelados.
Ao todo, 40 mandados foram
expedidos nos últimos dias, entre mandados de busca e apreensão, prisões
preventivas, prisões temporárias e conduções coercitivas. Segundo a PF, um dos
araponguenses tinha função estratégica no esquema: ele servia como uma espécie
de ‘corretor’, tentando encontrar compradores para as terras. Ele foi preso
preventivamente nos últimos dias por policiais federais. O segundo
araponguense, também alvo de um mandado de prisão preventiva, teria tomado
posse de um dos terrenos. Ele não foi encontrado pela polícia. A PF conseguiu
descobrir a estrutura da quadrilha após realizar escutas telefônicas. Os
investigados utilizavam-se de ‘laranjas’ para ocultar os crimes, segundo afirma
o delegado da PF do Amapá, Bruno Benassuly, que comandou a operação. “Apuramos
por escutas telefônicas que os compradores também sabiam das irregularidades,
sabiam que as áreas eram embargadas, e mesmo assim concordaram em recebê-las”.
Ele também confirma a ação do ‘corretor’ de Arapongas. “O araponguense preso
trabalhava tentando encontrar compradores. Para se ter uma ideia, a valorização
dos terrenos era tão grande que os responsáveis por limpar a terra nem vendiam
a madeira derrubada. Não compensava. Em dois a três anos, o preço do hectare de
terra passou de cerca de R$ 2 mil para até R$ 10 mil”, explica. Segundo a PF,
os envolvidos, na medida de suas participações, deverão ser indiciados pelos
crimes de invasão de terras públicas, de furto, de crimes ambientais, de
falsificação de documentos, de formação de quadrilha, de sonegação fiscal e de
lavagem de dinheiro. O advogado Oduwaldo Calixto defende o araponguense
investigado por ter adquirido as terras. Calixto tenta medidas para a concessão
do relaxamento da prisão. “O que aconteceu foi que o meu cliente realizou um
trabalho no Pará em 2013 e a terra foi utilizada como forma de pagamento. Ele
não sabia que a pessoa em questão já estava sendo investigada há vários anos
por grilagem”, diz.
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