Estado do Pará consegue reaver compensação financeira por
Belo Monte
A Justiça Federal em Altamira impediu a tempo uma verdadeira
sangria do dinheiro da compensação por danos ambientais e sociais provocados
pela Hidrelétrica de Belo Monte. Cerca de R$ 109 milhões de um total de R$ 126,3
milhões, que deveriam ficar em terras paraenses, estavam endereçados ao Parque
Nacional Juruena, no Mato Grosso. Atendendo a pedido da Procuradoria Geral do
Estado (PGE), referendado ao Ministério Público Federal, a juíza Maria Carolina
Valente do Carmo determinou a suspensão do repasse, que seria feito pela Norte
Energia, por decisão tomada em reunião extraordinária do Comitê de Compensação
Ambiental, em 31 de julho de 2014.
A verba de compensação ambiental deveria priorizar a região
impactada pela hidrelétrica e a bacia hidrográfica do rio Xingu, no Pará. Em
vez disso, 70% desses recursos seriam repassados ao Parque Juruena, que fica a
814 quilômetros da área de impacto, quase o equivalente à distância entre Belém
e Palmas (Tocantins).
A despeito de sucessivos protestos do Governo do Pará, o
critério para o repasse foi mantido pelo Comitê, vinculado ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e onde o
Pará não tem assento. Restou o caminho judicial.
“É um sinal de desprezo ao povo paraense”, reconhece a
juíza, ao conceder a tutela de urgência na ação que pediu a suspensão do
depósito, que seria feito até o próximo dia 28. A Justiça Federal obrigou que o
novo plano para a destinação dos recursos dê prioridade à região impactada
pelas obras da usina, no médio curso do rio Xingu, no Pará.
A quantia deverá ser depositada em juízo até a decisão final
sobre o destino da compensação. Em valores atualizados, os 70% correspondem a
R$ 109 milhões, em valores atualizados.
“Há desproporcionalidade entre os valores destinados ao
Parque Nacional de Juruena e as demais unidades de conservação, sobretudo
porque a deliberação desconsiderou a primazia que deve ser conferida à região
impactada”, diz a juíza em sua decisão.
O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade
(ICMBio) e o Ibama terão 180 dias para apresentar um novo plano de destinação.
A bacia do Xingu tem 11 unidades de conservação diretamente afetadas pelas
obras de Belo Monte.
“Esse desvio na destinação dos recursos da compensação
ambiental é reflexo da invisibilidade dos grupos ribeirinhos que habitam os
rios da região no processo de licenciamento ambiental e é resultado da omissão
do ICMbio em reconhecer que as Unidades de Conservação do médio Xingu são
impactadas por Belo Monte”, diz a procuradora Thais Santi.
Governo do Estado do Pará - Secretaria de Estado de
Comunicação
Agência Pará
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