Assim como as empresas "X" e os sonhos megalomaníacos do empresário Eike Batista, o Brasil vem fazendo escolhas equivocadas. Em vez de investir na infraestrutura de transportes urbanos e na saúde pública, privilegiam-se projetos como o do trem bala, o da transposição do Rio São Francisco e a importação de médicos. Os gastos bilionários com as realizações de eventos esportivos, como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e as Olimpíadas de 2016 demonstram o equívoco das prioridades dos nossos governantes. A máxima que parece ainda vigorar é a do antigo Império Romano, que, para agradar à população, adotava "pão e circo". Nos dias atuais, substituídos por Bolsa Família e arenas.
Acrise de credibilidade de Eike Batista e de suas empresas
"X" transformou, em pouco mais de um ano, motivo de piada nas redes
sociais, o megalomaníaco sonho do empresário em se tornar o homem mais rico do
mundo, superando Carlos Slim, Warren Buffet e Bill Gates. A fortuna pessoal de
Eike Batista atingiu um pico de US$ 34,5 bilhões um ano atrás e despencou para
cerca de US$ 2 bilhões em junho de 2013.
A responsabilidade pelo que ocorreu deve ser atribuída ao estilo de
administração, das escolhas que fez e da maneira como Eike Batista empreende. O
mercado reagiu às repetidas falhas de suas empresas em cumprir as metas de
produção estabelecidas, com destaque para a OGX, que explora petróleo no
litoral brasileiro. Essa crise afeta também a economia brasileira, a Bolsa e a
imagem do País. Sem falar nos bancos estatais, como o BNDES e a Caixa
Econômica, que, juntos, emprestaram mais de R$ 6 bilhões ao empresário.
Coincidindo com a perda de credibilidade das empresas "X" e do
empresário Eike Batista, também a economia brasileira e sua presidenta
atravessam momento de crise, como atesta a última pesquisa da CNI que mostrou
perda de 27% no índice de aprovação de Dilma Rousseff.
A imagem apresentada na capa da revista "The Economist", que
retratava a economia brasileira como a imagem do Cristo Redentor decolando como
um foguete, e o impressionante enriquecimento do empresário Eike Batista
durante os oito anos de governo Lula são fatos emblemáticos.
Lembremos que o crescimento da economia brasileira entre os anos de 2004 e 2010
decorreu basicamente de condições iniciais favoráveis resultantes das reformas
econômicas dos anos 90, que tornaram a nossa economia mais eficiente, e das
condicionantes externas favoráveis, com destaque para a demanda chinesa por
commodities.
Os programas de distribuição de renda e o aumento do crédito consignado,
aproveitando a estabilização monetária e o baixo endividamento
das famílias, impulsionaram as vendas no comércio e os setores de serviços e
construção civil, intensivos na utilização da mão de obra, resultando num
quadro de crescimento econômico e queda nos índices de desemprego.
O Brasil de Dilma Rousseff, assim como as empresas "X" do empresário
Eike Batista vivenciaram momentos de euforia. A renda e o emprego aumentaram,
os juros caíram e a expansão do emprego e do consumo fez surgir uma nova classe
média. O sonho de um "Brasil grande" parecia se materializar. Assim
como as empresas "X", o estabelecimento de metas ambiciosas para o
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) era a tônica dominante. Metas,
aliás, nunca alcançadas, como as das empresas "X".
As metas de investimento na expansão da infraestrutura e do parque industrial
não sendo cumpridas, atreladas à sobrevalorização do real e a uma política de
incentivo ao consumo, vêm resultando em crescimento no déficit das contas
correntes e no crescimento dos índices inflacionários.
Assim como as empresas "X" e os sonhos megalomaníacos do empresário
Eike Batista, o Brasil vem fazendo escolhas equivocadas. Em vez de investir na
infraestrutura de transportes urbanos e na saúde pública, privilegiam-se
projetos como o do trem bala, o da transposição do Rio São Francisco e a
importação de médicos. Os gastos bilionários com as realizações de eventos
esportivos, como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e as Olimpíadas de 2016
demonstram o equívoco das prioridades dos nossos governantes. A máxima que parece
ainda vigorar é a do antigo Império Romano, que, para agradar à população,
adotava "pão e circo". Nos dias atuais, substituídos por Bolsa
Família e arenas.
As recentes manifestações públicas decorrentes da insatisfação da população com
os serviços públicos, como transportes e saúde, parecem sinalizar para o final
de um ciclo. A população indignada passou a exigir "padrão Fifa",
para os serviços públicos. Assim como o sonho de Eike Batista em se tornar o
"homem mais rico do mundo", parece que o sonho do Brasil ingressar no
"primeiro mundo", mais uma vez, está sendo postergado.
Osvaldo Campos Magalhães
Engenheiro civil, mestre em Administração
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