“E o Vento levou” R$ 100 milhões em
madeira de lei...”
Sema/PA cria comissão para investigar irregularidades.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) criou ontem
uma comissão administrativa disciplinar, supervisionada pela Corregedoria
Ambiental do órgão, para reanalisar cada um dos 14 processos de planos de
manejo aprovados, mas apontados como irregulares, segundo denúncia encaminhada
ao Ministério Público de Marabá.
O caso foi divulgado na edição de domingo, 30,
em reportagem do DIÁRIO. A matéria diz que 303 mil metros cúbicos de madeira
foram liberados pela Sema de Marabá depois de os projetos terem sido indeferidos
em Belém.
O volume de madeira a ser transportado exigiria a
disponibilidade de 15.177 caminhões, que colocados em fila na estrada, um atrás
do outro, alcançariam 455 km de extensão – a mesma distância em linha reta
entre os municípios de Belém e Marabá. O valor da madeira liberada, numa
estimativa modesta, alcança R$ 100 milhões.
“O interesse da Sema é em garantir a maior transparência
possível no que diz respeito aos processos realizados nesta secretaria, e o
resultado dessa avaliação, assim que concluído, será entregue pessoalmente pela
corregedora Rosângela Wanzeller à procuradoria do Ministério Público Federal.
Os esclarecimentos também serão oferecidos à imprensa após a comunicação ao
MPF”, diz nota do órgão enviada ao jornal.
As autorizações apontadas como fraudulentas, de acordo com a
denúncia encaminhada ao MP, determinam a retirada de madeira de reservas
indígenas, áreas protegidas e florestas estaduais. As análises técnicas seriam
incompletas e as vistorias classificadas de irresponsáveis.
Como se não
bastasse, ainda haveria afrouxamento das exigências técnicas e documentais.
Pior é o tempo de aprovação dos planos de manejo, que habitualmente leva cerca
de um ano. Um dos projetos foi liberado em apenas 38 dias.
A corregedora Rosângela Wanzeller, ouvida pelo Diário,
esclareceu que ela não vai coordenar a comissão, que foi criada por portaria
encaminhada para publicação na edição desta terça-feira do Diário Oficial. Dela
fazem parte consultor jurídico, engenheiro florestal e outros servidores
concursados que vão atuar com autonomia e sem subordinação a ninguém. O
trabalho que ela vai exercer resume-se ao encaminhamento do que será apurado
com base na matéria publicada pelo Diário.
Rigor
De acordo com Rosângela Wanzeller, nada nunca deixou de ser
apurado durante o tempo em que ela atua na função, inclusive denúncias que
chegam em bloco, até contra servidores. “Quem acusa tem o dever de apresentar
as provas para que a apuração seja feita”, acrescentou a corregedora. Ela
descarta também qualquer possibilidade de o trabalho da comissão sofrer
direcionamento sobre quem quer que seja, afirmando que isso “não é legal”. E
mais: “a apuração será feita com responsabilidade e seriedade, como tem sido em
todos os casos”. (Diário do Pará)
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