Antaq libera terminal da Hidrovias
A Hidrovias do Brasil recebeu autorização da Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para erguer seu primeiro terminal
portuário no país. O empreendimento ficará no município de Barcarena, no Pará,
e faz parte de um investimento total de R$ 1,3 bilhão da empresa no sistema
logístico da região (o que inclui mais dois terminais e barcaças). Mas a
companhia pode expandir sua atuação além do inicialmente planejado.
Bruno Serapião, presidente da Hidrovias do Brasil, diz que
já tem a parte do capital próprio necessária para todo o programa de
investimentos estabelecido originalmente. Esse montante responderá por até 40%
do investimento previsto. O restante virá por meio de dívidas, a serem
estruturadas pelo Banco do Brasil, contratado para cuidar da operação
financeira.
O terminal que a companhia começa a erguer agora deve ficar
pronto para operar durante a safra de 2016. O plano é receber cargas do
Centro-Oeste, principalmente por rodovias. Ao chegarem a um terminal de
Miritituba, no Pará (onde já há um terreno comprado, mas ainda sem a
autorização necessária), as cargas dos caminhões são colocadas em barcaças.
Depois, são encaminhadas até o terminal final de Vila do Conde, de onde são
exportadas.
O plano é que as cargas dos clientes viagem em direção ao
Norte, invertendo hoje o caminho feito pela produção agrícola do país.
Atualmente, a maioria dos grãos produzidos vai por rodovias e ferrovias até os
portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
O projeto terá capacidade para 4,4 milhões de toneladas ao ano,
respondendo por cerca de 30% da demanda logística dos grãos calculada pela
empresa. O objetivo é a movimentação e armazenagem de granel sólido (grãos
vegetais, farelo e fertilizantes). A Hidrovias quer receber as cargas a partir
de 2016 e diz já ter memorandos de entendimentos para transportar cargas para
clientes.
O plano todo considera a duplicação da BR-163 até o Pará,
trecho que o governo federal pretende conceder à iniciativa privada ainda neste
ano. Na mesma região, também tem interesse o grupo Odebrecht. A companhia
arrematou um trecho da BR-163, no Estado do Mato Grosso, e agora se prepara
para aproveitar melhor o potencial logístico para escoamento de cargas pelo
Norte do país, num plano semelhante ao da Hidrovias. Serapião evita comentar o
interesse do grupo Odebrecht na mesma área de atuação. Afirma apenas que vai
continuar a fazer os investimentos já previstos, conforme os planos.
Serapião diz ainda que a empresa pode buscar novas
oportunidades de crescimento na região Norte e aumentar os investimentos a
serem feito em relação ao que era previsto. Uma dessas possibilidades é
disputar terminais portuários a serem licitados pelo governo federal na região.
Dos três terminais planejados pela Hidrovias, somente o
terminal de uso privativo em Vila do Conde já tem autorização da Antaq. Outro,
que na verdade é um terminal de transbordo de carga, fica em Miritituba. Haverá
uma terceira unidade em Marabá. Mas nessa região, a empresa ainda aguarda
investimentos do governo para retirar um pedral abaixo do rio.
O investimento foi alvo da abertura de uma licitação, há
menos de dois meses, pela presidente Dilma Rousseff. Ela anunciou a licitação
do derrocamento do Pedral do Lourenço, para possibilitar o funcionamento da
Hidrovia Araguaia-Tocantins. O pedral é uma extensão de 43 quilômetros de
rochas, próximos de Itupiranga, no sudeste do Pará, que impedem a navegação nos
períodos de seca, o que inviabiliza a hidrovia.
A Hidrovias Brasil é controlada pelo P2 Brasil, uma
associação do Pátria Investimentos e da Promon Engenharia.
Por: Fábio Pupo
Fonte: Valor Econômico
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