quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ipê – o novo mogno

Ipê – o novo mogno

O grupo de espécies conhecidas como ipê tem sido considerado como o “novo mogno” por serem madeiras altamente procuradas e valorizadas no mercado, além de estarem sendo coletadas de forma muito semelhante. Uma árvore grande de ipê apresenta flores cor-de-rosa, roxas, amarelas ou brancas brilhantes em setembro – distinguindo-se do resto das outras árvores da época. É uma madeira valiosa e conhecida por sua durabilidade, força e resistência natural ao envelhecer.

O ipê cresce na Amazônia em uma área de dispersão, aparecendo, em média, uma árvore a cada dez hectares. Isto significa que grandes áreas de floresta precisam ser abertas para acessar esta espécie valiosa.

Ironicamente, o ipê é, sobretudo conhecido por ser uma árvore plantada em diversas cidades brasileiras. É considerada a“espécie típica do Brasil”, e parte integrante da história indígena como a madeira usada para a fabricação de arcos e flechas.

A casca do ipê também é conhecida por suas propriedades medicinais pelas indústrias farmacêuticas e pela medicina tradicional, além de ser usada como remédio para úlceras, câncer e artrite, entre outras doenças.

A madeira do ipê tem sido considerada a melhor opção para a produção de pavimentos comerciais e residenciais, frequentemente dada como uma alternativa “verde”, pois não requer tratamento com produtos químicos tóxicos. O ipê – também conhecido como noz brasileira ou lapacho – é vendido como deques e pisos. Nos Estados Unidos, é usado por muitos píeres icônicos e calçadões em lugares como Nova Jersey, Califórnia e Nova Iorque (incluindo a Ponte do Brooklyn). Na Europa, ele tem sido usado como pavimentos em edifícios importantes, incluindo o World Trade Center em Genebra e a Biblioteca Nacional de Paris (Bibliothèque François Mitterrand). No Brasil, o ipê é encontrado em muitas cidades e recentemente foi usado como piso na Biblioteca Presidencial do Palácio do Planalto. Mesmo deixando de lado o impacto da exploração madeireira ilegal, espécies de ipê estão em sério risco de sobre-exploração.

As empresas madeireiras têm permissão para derrubarem 90%das espécies de tamanho comercial já adulto, com um segundo corte permitida após 35 anos. No entanto, estima-se que, depois de uma derrubada inicial de 90% das espécies, levaria pelo menos 60 anos para uma única espécie (Handroanthus impetiginosus) recuperar os volumes comerciais nos níveis da pré-colheita.

O ipê é hoje a madeira tropical brasileira mais valiosa, e está entre as mais caras no mundo. Enquanto os volumes de ipê colhidos e exportados diminuíram nos últimos anos, o preço continua a aumentar – o que tem direcionado os madeireiros cada vez mais para dentro da floresta em busca dela.

Preços do ipê no início de 2014:

Painéis em toras (doméstico): US$ 169 por metro cúbico.
Madeira serrada (doméstico): US$ 859 por metro cúbico.
Madeira serrada (exportação, portos FOB Belém/Paranaguá): US$ 1.294 por metro cúbico. 
Produto de valor acrescentado-placas para deques (exportação, portos FOB Belém/Paranaguá): US$ 2.330 por metro cúbico.

O ipê atualmente é a mais valiosa espécie tropical brasileira e está entre as mais caras do mundo. Depois de ser beneficiada e exportada para a construção de deques, ela vale 13 vezes mais do que quando recém-cortada.


 DE: A crise silenciosa da Amazônia.

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